Vacinação:
sim ou não?
26-12-2025
Leitura de 4 minutos
A vacinação é, provavelmente, a intervenção em saúde pública com um dos maiores impactos na história da humanidade. Muito antes de avanços tecnológicos, exames sofisticados ou medicamentos de última geração, foram as vacinas que transformaram a forma como vivemos, prevenimos doenças e protegemos as comunidades.
Dados da UNICEF estimam que, nos últimos 50 anos, mais de 150 milhões de vidas foram salvas graças à vacinação.
Quando falamos em vidas salvas pela vacinação, estamos a referir-nos a algo muito mais amplo do que simplesmente evitar casos de doença. Significa:
Evitar mortes diretas por doenças graves como sarampo, difteria, tétano, pneumonia, meningite ou gripe.
Reduzir a gravidade de infeções que passam a ser mais leves — por exemplo, gripe ou pneumonia — diminuindo complicações, hospitalizações e mortalidade.
Prevenir sequelas permanentes, como paralisia causada pela poliomielite ou lesões neurológicas pós-meningite.
Proteger os mais vulneráveis: bebés, idosos, grávidas e pessoas com doenças crónicas.
Criar imunidade de grupo, reduzindo a circulação dos vírus e protegendo quem não pode ser vacinado.
A vacinação segue a lógica “mais vale prevenir do que remediar”.
O que realmente significa “salvar vidas”?
Quais as doenças erradicadas e doenças controladas?
Erradicação da varíola
A varíola foi, durante séculos, uma das doenças mais mortais. Em 1980, a Organização Mundial da Saúde declarou a sua erradicação, a última morte por varíola ocorreu em 1978.
Hoje, ninguém precisa de ser vacinado contra esta doença porque o vírus já não existe em circulação.
Poliomielite quase erradicada
A poliomielite, que causava paralisia e morte sobretudo em crianças, foi eliminada da maior parte do mundo. Graças à vacinação, mais de 16 milhões de crianças foram salvas da paralisia e inúmeros países — incluindo Portugal — não registam casos há décadas.
Redução drástica de doenças respiratórias graves
Doenças como gripe, pneumonia e infeções bacterianas invasivas (como meningite por Haemophilus influenzae tipo b ou por pneumococo) tornaram-se muito menos fatais graças às campanhas de vacinação infantis e aos programas de vacinação sazonal em idosos e grupos de risco.
Porque continuamos a precisar de vacinas hoje?
Apesar dos enormes avanços, os vírus e bactérias que causam doenças graves não desapareceram. Continuam presentes à escala global. Sempre que a cobertura vacinal baixa, vemos surtos reaparecerem, como aconteceu com o sarampo em vários países europeus. Além disso:
Um vírus pode transmitir-se globalmente com viagens intercontinentais, hoje rápidas e facilitadas
O envelhecimento populacional aumenta o risco de infeções graves
Novos vírus continuam a surgir
A pandemia de COVID-19 é o exemplo mais claro: sem vacinação, o número de mortes teria sido incomparavelmente superior.
Qual o risco-benefício?
As vacinas são um dos produtos farmacêuticos mais rigorosamente estudados e monitorizados no mundo.
Antes de serem aprovadas:
passam por várias fases de ensaios clínicos;
são avaliadas por entidades reguladoras independentes;
continuam a ser monitorizadas durante anos após a aprovação.
Efeitos adversos são possíveis — como em qualquer medicamento — mas são raros e, na esmagadora maioria dos casos, ligeiros e autolimitados (dor no braço, febre baixa, mal-estar). Já as doenças que prevenimos podem ter complicações graves, permanentes ou fatais.
Se tem dúvidas sobre o seu estado vacional ou sobre proteção adicional fale com o seu médico de família.