“Os medicamentos fazem sempre mal — quanto menos tomar, melhor”?
O medo é um instinto útil. Protege-nos do perigo, afasta-nos do que nos pode magoar e alerta-nos quando algo não está bem. Mas há medos que, em vez de nos protegerem, acabam por nos pôr em risco — e o medo dos medicamentos é um deles.
Esta é uma reação perfeitamente natural, principalmente quando lidamos com o desconhecido. É natural ter receio de começar uma nova medicação. Muitos doentes associam comprimidos a doença grave, dependência ou efeitos secundários. Muitos acabam por adiar o momento de iniciar medicação ou preferem tentar o "natural” primeiro.
O problema surge quando esse medo leva a não tratar doenças que são perfeitamente controláveis — ou a tratar de forma intermitente, “quando me lembro”, “quando sinto necessidade” ou “quando o valor da tensão está alto”. No entanto, muitas doenças são “silenciosas” por anos até mostrarem complicações e, outras, parecem curadas ou controladas e deixam de o ser se um tratamento crónico for interrompido sem acompanhamento médico.
Em muitos casos, o receio dos medicamentos vem da desinformação: histórias partilhadas, artigos sem base científica ou experiências negativas isoladas.
Em quem acreditar?
Em consulta, o objetivo de qualquer médico é garantir o máximo de saúde ao seu doente, seja por via de mudança de estilo de vida, conselhos ou novos medicamentos. A decisão final caberá sempre ao doente, mas é importante compreender que o raciocínio médico já tem em conta o benefício de fazer um fármaco novo contra o seu potencial risco, sejam efeitos negativos já conhecidos, interações com outros medicamentos, preço e mesmo comodidade nas tomas.
Se tiver alguma dúvida em relação a novos medicamentos, não há pessoa mais certa para o esclarecer e o ajudar do que o seu médico.
Não tenha receios, pergunte.